segunda-feira, 2 de abril de 2007

Socorrer Morte Súbita


O Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva e uma associação de médicos, enfermeiros e bombeiros querem que sejam instalados desfibrilhadores automáticos externos (DAE) em espaços públicos de grande concentração de pessoas. Os aparelhos custam entre 1600 e 3000 euros e permitem reverter as paragens cardíacas. Em Portugal, recorde-se, morrem vinte pessoas por dia, vítimas de morte súbita. Noventa por cento das 7300 mortes anuais são originadas por enfartes.

A ideia dá corpo a uma recomendação do Conselho Europeu Ressuscitação, segundo a qual onde há um extintor deveria haver também um desfibrilhador.

COMO FUNCIONA

Os desfibrilhadores automáticos externos reconhecem o ritmo cardíaco, com base em dois eléctrodos colocados sobre o tórax da vítima. Os automáticos desfibrilham de imediato; os semi-automáticos, depois de reconhecerem o ritmo, ‘apitam’. O operador carrega num botão e acciona a descarga eléctrica.
Tendo em conta que a maior parte das paragens cardíacas ocorre fora dos hospitais e centros de saúde, pretende-se que possam ser efectuadas manobras de reanimação, com recurso a choques eléctricos, em locais bastante frequentados, a exemplo do que acontece no estrangeiro. Há países em que é obrigatória a existência destes aparelhos em aeroportos, estádios de futebol, centros comerciais, hipermercados ou casinos.

É nesse sentido que apela também Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia. O Ministério da Saúde, disse ao CM, “deveria criar legislação que obrigasse à existência de desfibrilhadores em locais de grande concentração de pessoas”.

SOCORRISTAS À MÃO

O aparecimento de desfibrilhadores portáteis e automáticos resolveu a parte técnica do problema, estando a ser desenvolvida formação. O Grupo Trauma Emergência (GTE), nas Caldas da Rainha, por exemplo, está a procurar sensibilizar diversas entidades para a vantagem da colocação de DAE em locais de acesso fácil para um socorro rápido por parte do cidadão comum, em caso de emergência.

Os desfibrilhadores automáticos externos são aparelhos capazes de reconhecer o ritmo cardíaco, com base em dois eléctrodos externos colocados sobre o tórax e que automaticamente descarregam o choque eléctrico considerado adequado. Implica uma intervenção mínima de quem está a prestar socorro e que se resume a ligar o equipamento, colocar as placas no doente e accionar o desfibrilhador. Se for um aparelho semi-automático, basta pressionar um botão.

O equipamento é complementar às manobras de suporte básico de vida-reanimação cardio-respiratória baseada na respiração boca a boca e massagens cardíacas.

“Uma rápida desfibrilhação é o elo da corrente que, provavelmente, representa a maior hipótese de sobrevivência numa emergência cardíaca, uma vez que é a acção mais eficaz para restaurar um ritmo espontâneo”, sublinha o enfermeiro João Sousa, coordenador do curso ‘First Responder’ do Grupo Trauma Emergência.

PRIMEIROS MINUTOS SÃO ESSENCIAIS

Após quatro minutos de paragem cardio-respiratória, a percentagem de sucesso de reanimação é de apenas cinquenta por cento e o prolongamento do timing até implementação de suporte avançado de vida pode traduzir-se em lesões irreversíveis.

As repercussões mais iminentes são a morte do tecido nervoso cerebral pelo défice de oxigenação, uma vez que não ocorrem trocas gasosas a nível alveolar e, mesmo que estas se processem, o oxigénio e os nutrientes não chegam ao cérebro, pela ausência da contracção muscular cardíaca. Torna-se assim imprescindível e urgente a tomada de medidas que suportem uma oxigenação cerebral, mesmo que em níveis mínimos, até à reversão do quadro.

Para que haja um socorro efectivo, não bastam atitudes isoladas. É necessário uma sequência de procedimentos, incluindo o conjunto de manobras simples e de importância vital a realizar até a chegada do socorro. Segue-se o tratamento inicial às vítimas no local, o transporte até ao serviço de saúde e o respectivo tratamento.

DIAGNÓSTICO PRECOCE PODE SALVAR VIDAS

A morte súbita, nomeadamente no desporto, pode ser evitada com prevenção, através do diagnóstico precoce. “Bastam exames de esforço, electrocardiogramas, conhecer bem a história médica familiar”, afirma o presidente do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, Fernando de Pádua. Nos últimos anos, o desporto nacional foi palco de vários casos de morte súbita.

A morte do futebolista Miklos Fehér em Janeiro de 2004, em pleno relvado do Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, trouxe para a discussão pública a necessidade de existência de desfibrilhadores nos recintos desportivos. Mas outros desportistas foram vítimas de morte súbita: Bruno Baião, Hugo Cunha, Landu Ndonbasi, Paulo Sérgio (futebolistas); Paulo Pinto, Rui Guimarães e Angel Almeyda (basquetebolistas) estão entre os mais mediáticos.
In Correio da Manhã

1 comentário:

Marta disse...

Uma ideia muito util e vital! Ideia q ja esta a ser aplicada em muitos paises, ate mesmo no Brasil!! Mas enfim... sabemos cmo funcionam as coisas no nosso País... :S esperemos q vá avante!
E q alem de comprarem os aparelhos... se lembrem sobretudo de apostar na formaçao.

Esperemos que seja mais um passo no desenvolvimento da emergencia médica em Portugal :)

Jinhos p tds bom trabalho