sábado, 5 de janeiro de 2008

Bombeiros impedidos de usar desfibrilhadores é mais um exemplo da política de capelinhas

Comentário à notícia: “Bombeiros têm desfibrilhadores mas não os usam por falta de formação”
Notícia em: http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=51&id=19456&idSeccao=479&Action=noticia

É no mínimo incompreensível, que sendo Portugal um país com fracos recursos se continue nesta política de “capelinhas”. Os DAE´s (desfibrilhadores automáticos externos) são equipamentos que salvam vidas. Como prova disso gostaria de deixar aqui descritas duas situações que aconteceram comigo. Em Setembro de 2006 tive oportunidade de observar a sua eficácia numa intervenção feita por bombeiros, na cidade de Bruxelas, quando um funcionário da autarquia de Almeirim sofreu um ataque cardíaco que o teria morto não fosse a rápida intervenção destes profissionais auxiliados pelo desfibrilhador. No passado mês de Novembro aquando de um seminário internacional de Protecção Civil tive oportunidade de falar com bombeiros alemães sobre o uso do DAE. Segundo estes profissionais, a sua utilização é permitida a qualquer pessoa. Existindo equipamentos destes nos aeroportos, estações de comboio, universidades, espaços desportivos e inclusive nos aviões. Nestes dois países não se coloca a necessidade de serem apenas médicos a operar os equipamentos. Seria bom, para todos, que médicos e bombeiros se entendessem. Já agora uma nota final. A corporação dos bombeiros voluntários de Almeirim também possui um destes aparelhos, muitos deles já tiveram formação e sabem como usá-lo, infelizmente não podem.

Pedro Ribeiro

Vereador da Câmara de Almeirim





Imagens da Oferta Grupo Conforlimpa DAE.
Corporação de Almeirim já possui DAEA DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA

A Desfibrilhação Precoce é a terceira intervenção que permite salvar vítimas de Paragem Cardio-Respiratória. É o 3º. Elo da Cadeia de Sobrevivência.

As hipóteses de sucesso da desfibrilhação diminuem rapidamente com o tempo e à medida que se esgotam as reservas energéticas do miocárdio. A probabilidade de êxito reduz-se em cerca de 7-10% por cada minuto que passa sem recuperar a circulação eficaz.
O esgotamento das reservas energéticas pode ser retardado, por um SBV eficaz, se bem que não possa ser evitado.


Se não existir um “desfibrilhador à mão” deve-se iniciar o SBV de imediato, mas este nunca deve atrasar a desfibrilhação.


A maior parte das Paragens Cardíacas que ocorrem fora dos Hospitais ou outras Instituições de Saúde, são em Fibrilhação Ventricular.

É impossível desfibrilhar, em tempo útil, todas as vítimas de fibrilhação ventricular, se a desfibrilhação só for executada por médicos, já que não é possível ter um médico ao lado de cada cidadão e com um desfibrilhador disponível. Por esta razão, as recomendações internacionais actuais vão no sentido de promover a organização e criação de estruturas de resposta à emergência executadas também por não médicos.

O factor limitativo deste objectivo é a disponibilidade de meios, técnicos e humanos, que permita concretizar com segurança e eficácia a defibrilhação. O aparecimento dos Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE), permitiu que a desfibrilhação possa ser efectuada por não-médicos mediante a delegação médica, ou seja, os DAE's têm incorporado um software que permite efectuar a desfibrilhação com segurança, sem necessitar da presença de um médico, desde que o operacional esteja inserido num programa de DAE.

Funcionamento do Coração:

Num coração a funcionar normalmente, a contracção do músculo cardíaco decorre da despolarização das membranas celulares.

Em condições normais, a despolarização inicia-se no nó sino-auricular, localizado na aurícula direita, permitindo o bembear do sangue.

Um coração em Fibrilhação Ventricular contrai-se descoordenadamente, equiparando-se a um barco sem um timoneiro eficaz e eficiente no comando. Assim, o esforço físico que os remadores efectuam não se traduz em resultados efectivos.

Com o nosso coração descoordenado acontece algo semelhante, as aurículos e os ventrículos contraem-se de forma não coordenada, não sendo capazes de bombear o sangue com eficácia.

A única forma de revertermos esta situação é com a desfibrilhação.


A implementação de um Sistema de DAE obriga a:

Efectuar formação específica de profissionais capazes de operarem com os DAE. Essa formação tem de ser assegurada por entidades acreditadas para o efeito, segundo as normas internacionais definidas, no caso do nosso país, pelo European Resuscitation Council e adaptadas para Portugal pelo Conselho Português de Ressuscitação.

Integrar a prática da DAE em estruturas organizadas que têm de ter:
- Registos do desempenho do pessoal e da organização;
- Auditorias periódicas ao desempenho do pessoal e da organização;
- Controlo médico qualificado.

O enquadramento legal das organizações incluindo a autorização para praticarem DAE está na dependência da regulamentação legal exigível.


A Salva-Vidas tem vindo a apoiar a implementação de DAE em diversas estruturas/instituições em colaboração com o Projecto de DAE da ULSM, EP.

Instituições em que já se encontra instalado o programa DAE no âmbito do Projecto de DAE da ULSM, EP:

- SONAE / Hipermercados Continente;
- Centros de Saúde da ULSM, EP;
- APDL.

Como funciona

Os desfibrilhadores automáticos externos reconhecem o ritmo cardíaco, com base em dois eléctrodos externos que o operador coloca sobre o tórax da vítima. Os que são completamente automáticos desfibrilham de imediato, enquanto que os semi-automáticos, depois de reconhecerem o ritmo, dão um alerta sonoro para o operador carregar num botão e accionar a descarga eléctrica necessária para a reanimação cardíaca.
Todos os choques realizados ficaram armazenados na memória do aparelho e servem de controlo da utilização do equipamento.

Minutos contam

Após quatro minutos de paragem cardio-respiratória, a percentagem de sucesso de reanimação é de apenas 50 por cento e o prolongamento do “timing” até implementação de suporte avançado de vida pode traduzir-se em lesões irreversíveis.
As repercussões mais eminentes são a morte do tecido nervoso cerebral pelo défice de oxigenação, uma vez que não ocorrem trocas gasosas a nível alveolar e mesmo que estas se processem, o oxigénio e os nutrientes não chegam ao cérebro, pela ausência da contracção muscular cardíaca. Torna-se assim imprescindível e urgente a tomada de medidas que suportem uma oxigenação cerebral, mesmo que em níveis mínimos, até à reversão do quadro.

Acções integradas

Para que seja possível um socorro efectivo das vítimas, não bastam atitudes isoladas, é necessária uma sequência de procedimentos integrados, que passam pela adequada acção a desenvolver para evitar o agravamento da situação de emergência, incluindo a protecção pessoal e da vítima, o contacto com os meios de socorro, o pré-socorro – conjunto de procedimentos e manobras simples e de importância vital, a realizar até a chegada do socorro.
Segue-se o tratamento inicial efectuado às vítimas no local, o transporte até ao serviço de saúde e o respectivo tratamento.

2 comentários:

Anónimo disse...

Formação??
Apresentação do desfibrilhador, Sim!
A formação tem de ser ministrada por uma empresa credivel e a mesma tem que ter por base um Medico, com formação na area da emergencia que se responsabilize pela qualidade das actuaçoes que vierem a ser executadas com os referidos desfibrilhadores!
o mesmo medico tem de enviar para a ordem dos medicos um documento em como se responsabiliza pela qualidade das actuaçoes e neste documento deve constar a empresa que deu a formação os objectivos e conteudos assim como os nomes de quem obteve a formação e assim possui a formação necessaria a desfibrilhação!
por outro lado o INEM só se responzabiliza pelos DAE das suas ambulamcias e por uns quantos da ZO de sintra pois estavam englobados no programa de desfibrilhação do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora Sintra).
É uma Vergonha que o organismo que tutela a Emergencia e que tantas vezes quer o protagonismo exclusivo, e deixa os Cb's para outro plano, nao da formaçao para DAe nem regulamenta o seu uso para que estes deixem de ganhar po nas ambulancias e apenas um punhado de bombeiros o possa usar!
Continuamos a ter Portugueses de Segunda!

Ate para ficar-mos doentes, temos de ter sorte em que local isso acontece!!

Anónimo disse...

mas alguêm pode explicar-me porque raio só um médico é que pode usar o equipamento? Maldito país de capelinhas.